Sofrimento
não salva ninguém. O ato de sofrer se refere que o sofredor não estar
conseguindo aceitar a realidade, a sua realidade e assim ele sofre. Mas isso é
um fator psicológico, não físico. Assim se somos torturados, sofremos, pois é
um fato não uma retórica. Mas quando a mente não deseja aceitar, digamos, que
foi despedido, ou abandonado, ou deserdado, quanto mais tempo se demora para
perceber a realidade do que lhe aconteceu, maior será o seu sofrimento. O
sentido de perceber aqui é sentir como realidade, não saber que é realidade. A
consciência ou o raciocínio não altera em nada os sentimentos, apenas constatam
um fato. Já aceitar um fato significa sentir que ele é real, ié, ter fé que
aquilo aconteceu ou se realizou.
Quando perdemos um ente querido pela
realidade da vida, isto é, pelo desencarne, temos um tempo de luto que nos leva
a deglutir essa novidade, quanto mais tempo nos rebelarmos com isso, mais tempo
levamos para olhar a vida da forma que ela é mais tempo sofremos para tomarmos
o rumo de nossa vida.
Nossa responsabilidade com a vida é
unicamente com a nossa vida. Temos uma missão a cumprir com nossa
responsabilidade de evoluir, assim traçamos um processo ou projeto que nos
permita vencer e alterar nossos instintos para nos tornarmos mais puros ao
estado espiritual e conquistarmos a progressão de nosso paraíso.
Isso não implica que o nosso egoísmo seja o
principal motivo para vivermos, mas seu oposto. Isto é, a caridade entre os
seres viventes. A caridade não é e nem pode ser apenas uma subvenção, mas pode
sim ser uma subvenção.
Outro dia passaram em uma rua, dois irmãos,
me pareceu, estavam pedindo comida. Era um dia quente e se notava a real
necessidade deles. Em uma casa, um deles abordou um senhor pedindo um pouco de
arroz. Quando o senhor volta além do arroz entrega também uma manga gelada, que
o pedinte sorri e exclama que está geladinha. Este senhor auxiliou um
desconhecido, deu-lhe alegria, fez com que tivesse fé na vida e pudesse
continuar a sua empreitada de sobreviver. O que foi mais importante, a fruta ou
a ação? Para o pedinte lhe pareceu a manga, mas com toda certeza foi a ação. Não importa se o senhor tinha um pé de manga
no quintal ou uma única manga na geladeira. O que importa é que auxiliou e deu
alegria a aquele que lhe pedia uma migalha.
Assim fazer a caridade é apenas fazer o que
podemos pelos outros sem a necessidade de impor uma caridade. Ele o pedinte
precisa estar apto a receber e você em entregar.
Este é um sofrimento material que pode ser
aplacado, mas e o sofrimento psicológico? Este é mais difícil de sanar, mas às
vezes apenas em indicar um caminho pode ser a melhor resposta.
Em um determinado dia estava tomando café
em uma cafeteria e um senhor apareceu reclamando. Ele estava em uma situação
que não tinha capacidade de encontrar um caminho por onde andar. Dizia que a
sua esposa estava com atitudes agressivas, pelo que pude entender, seria um
plano de possessão profissional, isto é, trabalho feito. Outro senhor que
estava ao lado disse que deveria levar sua esposa a Igreja para que pudesse
ajudá-la. Foi o que iluminou o rosto dele e fez com que saísse correndo, tentar
a alternativa.
Após a saída dele a proprietária do café,
questionou o senhor por que não o mandou a uma Igreja protestante? Ele disse
que lhe pareceu mais fácil ele aceitar a Igreja católica como ponto de salvação
que lhe dar outra alternativa. Como o pessoal da cafeteria era crente, não
achou conveniente comentar que era kardecista.
Como vemos duas pessoas puderam em um ato
simples ajudar outros com problemas que para eles eram insolúveis, mas que
outro pode mostrar o caminho.
Não temos e nem devemos obstruir o
desenvolvimento alheio dando a eles o final da história, mas fazê-los
conquistar as suas superações. O importante é que ele saiba sair da dificuldade
por si só, mas nada impede que lhe aponte o caminho a seguir.
Com isso demonstro que o sofrimento são
apenas formas mentais que não conseguimos enxergar e que com ajuda externa
temos como superar. E assim surge o Terapeuta.
Alguns demoram mais, outro menos, mas é sempre
essa a solução, mudança. Como no caso do luto, se leva um tempo para poder
alterar a falta do outro que se foi. Infelizmente é o trabalho mental do que ainda
não compreendemos como funciona que faz com que a realidade possa ser absorvida
pela pessoa. É o famoso “tempo” que se usa para refletir e aceitar a nova
realidade. A não aceitação apenas retarda a solução desse tipo de problema
prorrogando o sofrimento.
Assim
não há sofrimento que possa ser um purificador, mas apenas uma teimosia quanto
a aceitar a lei de Deus, isto é, como a vida esta montada para lhe favorecer no
plano futuro e não no presente.
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